Se tivesse visto antes, perigava o quarto da minha filha ter sido um pouquinho diferente...
sábado, 31 de agosto de 2013
sexta-feira, 30 de agosto de 2013
O início, o fim e o meio - Parte II
Em pouco menos de 15 minutos já
estávamos eu, minha esposa, minha sogra e as malas dentro do carro, prontos
para partir. Como a madrugada de domingo mal havia começado, não foi difícil
chegar rapidamente na Pro Matre – o que foi uma verdadeira benção. Afinal de
contas, se com nenhum trânsito já ficava tenso cada vez que minha esposa dava
um gemido por cauda das dores que sentia, percorri todo o caminho imaginando as
centenas de histórias de pais desesperados ao volante, presos nos
engarrafamentos da vida, em algum horário de pico qualquer com as esposas em trabalho
de parto, comemorando como se fosse um gol em final de campeonato a cada sinal
verde que passava.
Por volta da 1:00h já estávamos na
emergência da maternidade e, como só havia uma outra futura mamãe na espera,
rapidamente minha esposa foi atendida.
Muito gentil e simpática, a
enfermeira começou a fazer os exames de toque e de cardiotocografia, sendo este
último para medir as contrações, e deixou a maquininha trabalhando, emitindo em
ritmo preguiçoso o papel com aqueles picos e vales característicos que logo
responderiam se de fato havia chegado a hora.
- Sua bolsa está no limite, hein? –
disse a enfermeira enquanto procedia com o exame de toque, fazendo uma careta
enchendo as bochechas de ar.
- Vamos fazer o parto agora? – perguntou
minha esposa, que apesar de todas as dores, manteve-se serena e sorridente
durante esse tempo todo.
- A dilatação está com apenas um dedo
(a recomendação para o parto normal fica entre 8 e 10 dedos). Você quer fazer
parto normal?
- Não, parto normal não. Inclusive já
tínhamos até marcado para o dia 21 a cesariana aqui mesmo.
- É mesmo? Olha, sinceramente não sei
se sua princesinha irá aguentar esperar este tempo todo – prosseguiu a simpática
enfermeira.
- Pois é, parece que vai ser mais
ansiosa que a mãe – comentei despretensiosamente para disfarçar a tensão.
- Vamos aguardar o término do exame e
ligar para o médico, mas acho que chegou a hora – concluiu a enfermeira em tom
profético.
Era 2:00h quando o exame acabou e a enfermeira
terminou de falar com o médico ao telefone.
- E aí? – perguntei antes mesmo que
ela colocasse o telefone no gancho.
- Acho que ele quer dormir mais um
pouco – disse ela, rindo.
- Como assim? – indaguei sem entender
nada.
- Ele pediu para colocar sua esposa
no soro com buscopan para ver se as dores desaparecem, e logo em seguida fazer
novamente outra cardiotocografia para ver se o ritmo das contrações também
diminui.
- Mas o parto será feito hoje ou não?
Há risco de mandá-la de volta para casa caso as dores desapareçam?
- Sim, principalmente se o ritmo das
contrações diminuir, mas acho improvável, pois as contrações estão fortes.
Acompanhei minha esposa e a
enfermeira para a sala onde seria injetado o buscopan e, ao passar pelo saguão,
minha sogra surgiu aflita.
- Vai aonde minha filha? Para sala de
parto?
- Não, mãe, vou apenas para a outra
sala para tomar uma dose de buscopan.
- O parto será feito em seguida?
- Ainda não sabemos – respondi.
- Como assim? Ela está em trabalho de
parto e precisa ser operada urgente – retrucou com a voz tensa.
- Calma, vamos fazer o que médico
pediu. Após a injeção, será feito um novo exame e aí ligaremos novamente para o
médico. Dependendo do resultado, poderemos até voltar para casa.
- Não vamos voltar não, ela precisa
ser operada já – retrucou ainda mais nervosa.
- Calma. Quem vai nos dizer o que
será feito é o médico, e por hora só nos resta aguardar, ok? – falei em tom
calmo, olhando nos olhos dela e segurando sua mão para tranquilizá-la.
- Ok, meu filho – deu-se por vencida
e, com um ar cansado, foi sentar-se na poltrona da recepção.
Quando minha esposa entrou na sala, a
enfermeira me dispensou dizendo que ali não eram permitidos acompanhantes.
- A propósito, quanto tempo vai
demorar este procedimento? – fiz a última pergunta.
- Cerca de duas horas.
Instintivamente olhei para o relógio
da parede, que já marcava 2:15h, respirei fundo e fui me acomodar na poltrona
ao lado da minha sogra.
- Definitivamente, a noite vai ser
longa – disse para a minha sogra, que a essa altura do campeonato já tirava um
pequeno cochilo.
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quinta-feira, 29 de agosto de 2013
O início, o fim e o meio - Parte I
- Acho que está na hora do Maurício “Shogun”
Rua se aposentar – disse para a minha esposa logo após ele ter sido finalizado
pelo mala do Chael Sonnen no UFC Fight Night 26.
Passava da meia-noite do dia 18 de
agosto, desliguei a televisão e já me preparava para ir dormir quando ela
começou a se queixar:
- Estou sentindo algumas contrações e
está doendo bastante.
- Doendo?
- Sim, doendo.
- Mas, doendo como?
- Como pontadas que estão ficando
mais fortes.
- Vamos contar.
Olhei para o relógio e, como todo
casal grávido de primeira viagem, mesmo com os olhos quase fechando de sono, imediatamente
começamos a contar o intervalo das contrações. E aí as fortes emoções
começaram.
- Quatro contrações. Quanto tempo
passou? – ela perguntou.
- Dez minutos.
- O médico disse que se forem pelo
menos duas num intervalo de dez minutos ao longo de uma hora é hora de ir para
o hospital.
- Pois é, vamos continuar contando.
O primeiro calafrio passou pela
espinha e aquela sensação congelante de “será?” fez qualquer resquício de sono
desaparecer momentaneamente.
- Mais três contrações. Quanto tempo?
- Oito minutos – retruquei.
Olhamos assustados um para o outro.
- Será? – ela perguntou.
- Parece. Vamos contar mais uma vez.
- Acho melhor irmos para o hospital,
pois a dor continua.
- Calma, vamos contar mais um período
– tentei ponderar. Acho que esta situação está te deixando nervosa. Tente
manter a calma.
- Estou calma, mas está doendo.
- Só mais uma contagem.
- Ok, mas vamos para o hospital, pois
se não for pelo parto antecipado, é pela dor.
- Sim, vamos manter a calma – repeti.
Respirei fundo e tentei não
demonstrar nervosismo, mas a adrenalina já corria solta e sabia que ela tinha
razão – era terminar de contar, pegar as malas e partir para a maternidade.
Afinal de contas, se há duas coisas que não combinam é mulher grávida com dor e sem assistência médica.
- Mais quatro contrações.
- Dez minutos.
- Vamos?
- Para já!
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